terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tendo origem muito antes da fundação do país, a pesca costeira assume, desde cedo, um importante significado na tradição marítima portuguesa. O clima e a geografia do litoral português, favoreceram o desenvolvimento de uma intensa actividade piscatória que, desde a época Romana, originou inúmeros aglomerados populacionais.
A par destas comunidades que foram surgindo, a pesca costeira conheceu diferentes artes e embarcações que, pela sua peculiaridade, enriqueceram as tradições regionais.


A fundação da Torreira é atribuída a uma colónia de pescadores vindos do Norte da Europa ou do Mediterrâneo, nos séculos XII e XIII, mas o estudo preciso destas colonizações que se fundaram e instalaram um pouco a nascente das terras furtadas à ria, ainda não está feito, e não se sabe se se poderá fazer com bases seguras.












Os primeiros residentes instalaram-se por volta de 1758 e podem ser considerados os fundadores da Torreira.O seu povoamento foi feito inicialmente por pescadores vindos da Murtosa e Ovar, que ali se estabeleceram temporariamente.
Foi na última metade do século XIX que se deu um grande desenvolvimento na Torreira.Em 1880 armam-se seis companhas de xávega, que ainda subsistiam em 1912.Até 24 de Outubro de 1855, a Torreira pertenceu à freguesia e concelho de Ovar e a partir de Dezembro desse ano foi anexada ao concelho de Estarreja .

zé murta ( arrais olá sampaio)
A freguesia civil foi criada em 30 Outubro de 1926 e incluída no actual concelho (Murtosa). Actualmente a Torreira é uma praia muito procurada durante a época balnear, pelo seu extenso areal (25km), onde e apesar de todo o progresso tecnológico se teima em praticar uma das artes mais antigas e típicas da região: a arte da xávega.


zé caldinho

O perigo que envolve a actividade estende-se a toda a convivência social. Assim, e apesar da competição entre embarcações e as limitações dos recursos, o companheirismo e a solidariedade são factores essenciais da actividade.

alfredo fareja - falecido (esq) e massa






miguel bitaolra










Actividade predominantemente masculina, a pesca não conta, geralmente, com a participação directa das mulheres. Estas ocupam-se das actividades complementares que, tradicionalmente, se constituíam por: lavagem, salga, carregamento e venda do peixe.



caetano da mata – mestre de redes do olá s. paio




maria murta ( mulher zé murta)






































Actualmente, dada a melhoria dos sistemas de descarga, conservação, transporte e comércio de pescado, as mulheres passaram a empregar-se nas lotas (como assentadeiras), na indústria conserveira (como operárias) e ainda, nalguns casos, na área administrativa. Contudo, em algumas zonas estuarino-lagunares, podemos encontrar casos de mulheres a participar na faina da pesca.







Pedro passarinho (esq) e filho mais novo do Zé murta



Em regra, a propriedade das embarcações é familiar. É à embarcação que o pescador confia o seu destino no mar, motivo pelo qual estabelece com ela uma profunda relação de fé. Tal é visível, nos rituais que envolvem a decoração da embarcação e o próprio momento do seu lançamento ao mar. Assim, e segundo a tradição portuguesa, os pescadores atribuem um nome a cada embarcação. Este é, normalmente, inscrito na proa, que por sua vez se encontra decorada com pinturas e desenhos. Uma das figuras mais vulgarmente pintadas nas embarcações tradicionais de pesca, consiste num olho que, segundo se diz, reflecte a crença de afastamento de qualquer mau olhado. Uma outra tradição, remete-nos para o primeiro momento em que a embarcação enfrenta o mar. Por esta ocasião, acredita-se que, colocando ramos de folhas verdes e flores amarelas no alto dos mastaréus, a embarcação ficará protegida, por antigas magias, de todos os perigos do mar.





















































popola


































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